A VIDA ETERNA DA POESIA
A poesia é um ritual,
macabro ritual...
Quando morre um amor,
ou tem que se matar,
nela vai se inumar.
Mas há amores
que não morrem num golpe...
vão definhando aos poucos,
aos pedacinhos,
judiando,
torturando,
gritando e resistindo...
mas morrendo assim mesmo,
de desamor,
de inanição.
E cada pedacinho que fenece
temos que enterrar devagarinho
no seio da poesia
em macabro ritual.
E ela cresce,
engorda e vive,
dessa dor maldita,
dessa vida finita,
que a torna imortal.