A VIDA ETERNA DA POESIA

A poesia é um ritual,

macabro ritual...

Quando morre um amor,

ou tem que se matar,

nela vai se inumar.

Mas há amores

que não morrem num golpe...

vão definhando aos poucos,

aos pedacinhos,

judiando,

torturando,

gritando e resistindo...

mas morrendo assim mesmo,

de desamor,

de inanição.

E cada pedacinho que fenece

temos que enterrar devagarinho

no seio da poesia

em macabro ritual.

E ela cresce,

engorda e vive,

dessa dor maldita,

dessa vida finita,

que a torna imortal.

Sal
Enviado por Sal em 05/11/2005
Código do texto: T67548