MEDIAÇÃO

Crê o escritor ser o tempo

E nele mergulha embalsamado,

Encantado com as horas inexoráveis...

Permite-se navegar sobre as nuvens

E nada na correnteza dos ventos

Em busca duma inspiração ortodoxa

Que traz das aventuras, o teor metafísico.

Crê o escritor ser as madrugadas

E nelas galanteia com as estrelas

Perdidamente apaixonado por si mesmo.

Observa-se tímido diante da imensidão

E do todo abstrai o conhecimento intrínseco,

Capacidade que lhe dá a sublevação íntima,

Tornando-o vítima de seus próprios arroubos.

Crê o escritor ser a ilusão,

Dormente manjedoura donde advém

A sagrada epopeia do saber escrever

As ditaduras ovacionadas pelos corações.

Crê o escritor ser saudade e solidão

E, perante os arremates do tempo invertebrado,

Entrega-se às conspirações tresloucadas

Das almas consubstanciadas pela irreflexão!

O escritor absolutamente em nada crê: medita!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 25/09/2019
Código do texto: T6754031
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