Dor

no ranger dos dentes de têmporas rijas

no queimar dos olhos de pálpebras secas

no arder dos lábios de silêncios turvos

carrego em mim uma ferida aberta.

nas gangorras da vida, altos e baixos:

serpenteio por entre curvas bruscas

colido com pedras no caminho escuro

e escrevo como quem busca respostas.

entre o céu e o mar, um horizonte tênue

onde sensações diáfanas se misturam –

a verdade é que não entendo nada:

vou, caleidoscópico, entre luzes cegas.

grito a verdade do meu peito duro

e recebo de volta senão o eco mudo

de um disforme desamparo

do qual padeço, mas nunca morro.

ora espanto, ora acalanto,

já não sei se renasço ou sucumbo

da dor de parir a poesia do mundo

cujo sal mora no meu pranto.­

pedro toscan
Enviado por pedro toscan em 23/09/2019
Reeditado em 07/09/2022
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