UMA MANHÃ QUALQUER
A vida segue indiferente em uma manhã qualquer.
Durante o café matinal, tenho intuições sobre o caos do universo,
Adivinho a irracionalidade do incompreensível da totalidade.
Mas prevalece, entre uma torrada e outra,
O imediato do cotidiano em sua multiplicidade de coisas
Contra o abstrato infinito da imensidão cósmica.
Meus pés provam o chão duro da rotina
E meus olhos sabem a segurança de um céu de certezas finitas.
O dia amanhece novo, dentro na caduquice de todos os outros dias.
Persisto sem qualquer bom motivo,
sem nenhuma esperança de redenção.
A existência é um tédio sem sentido
que através de mim insiste
enquanto a vida pulsa.