A pequena escadaria

Eis o sonho perdido.

Diferente de se perder carteira

Ou mesmo a seiva lírica!

Cavalheiros! Tornei-me um sábado, uma quarta-feira qualquer!

- Senhor taxista: o rumo indefinido para que lado fica?

Busco recuperar um sonho. Nada mais.

Vejo luz no lodo! Angústias estilizadas.

Sou ainda o tipo imerso na sempre densa cidade.

Tornei-me um homem enquanto a cidade girava.

Giro poluído, múltiplo, sequencial.

Serei vosso mito diante do espelho?

- O que a primavera já apontava.

Prescrita, correcional. Amantíssima.

Resultado: tranquilamente reencontro

O sonho que havia escapulido.

Nenhuma felicidade é superior do que o reencontro com um sonho perdido. Sonho ainda sobrevivido. Tê-lo tocado com a mesma mão que acaricia outra vez sua ternura. Sabendo que rápido ocorrerá o teatro fértil da vidinha rala com uma meia dúzia de dramas...

Pois são estas estranhas esquinas da mente ocupadas pela memória que tornam alguns segundos em milênios.

Há tanto brilho sem modernidade.

Com a nova poesia torno a sonhar novamente

mil páginas primeiras.

Do vento nas palmeiras até o aroma do café

Infatigável deslumbrante

Percorre a pequena escadaria

Até alcançar a estrela rutilante.

(Hora azul. 22/09/19)

***********************