ENTREGA

na falta de outro,

acendi uma vela para elvis.

à meia luz, colado na parede,

bem passa por mártir

ou libertador.

na geladeira velha,

uma vela amarela,

um copo de água, uma flor,

talvez fosse melhor steinhaeger

ou café de coador.

pela casa toda,

fumaça de tudo que eu queimei,

cartas, recortes e até folhas de guiné,

caso elvis resolva tomar sobre si

tudo o que eu não tenho onde por.

na geladeira velha,

uma vela amarela,

derramando-se num pires em cor.

elvis abre caminhos

e desfaz amarrações de amor

pela casa toda,

muito sal pelos cantos,

uma prece repetida para as paredes,

para cada don´t be cruel,

um love me tender, por favor

vela findada,

restou a parafina no pires,

se elvis recebeu, não sei,

memphis passa longe daqui

e talvez não esteja ao meu dispor.