Rituais
O vinho não foi bento.
A palavra não confessou.
A nave da capela ficou fria.
O livro não foi lido.
Cânticos de louvor ecoaram
sem sentido.
O cálice suspenso entre
Mãos tingiu de sangue
A bata branca onde
A cólera controla o fogo
Sagrado na pira funerária
Que consome à fúria.
Rosários desfiam entre dedos
feridos, no missal bênçãos solenes.
Nos joelhos em brasas constante orações
Em clausura secam corpos fecundos
Em eterna prisão.
Nos outeiros em gritos vermelhos
botões despertam em flores.
Torturada no confessionário
Em gemidos confessa; adormeceu
ébria nos braços de Baco
Roga absolvição.
2010