Rituais

O vinho não foi bento.

A palavra não confessou.

A nave da capela ficou fria.

O livro não foi lido.

Cânticos de louvor ecoaram

sem sentido.

O cálice suspenso entre

Mãos tingiu de sangue

A bata branca onde

A cólera controla o fogo

Sagrado na pira funerária

Que consome à fúria.

Rosários desfiam entre dedos

feridos, no missal bênçãos solenes.

Nos joelhos em brasas constante orações

Em clausura secam corpos fecundos

Em eterna prisão.

Nos outeiros em gritos vermelhos

botões despertam em flores.

Torturada no confessionário

Em gemidos confessa; adormeceu

ébria nos braços de Baco

Roga absolvição.

2010

Marcia Portella
Enviado por Marcia Portella em 20/09/2019
Reeditado em 20/09/2019
Código do texto: T6749772
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