TODOS OS DENTES AUSENTES

perde-se tanto que

perder os dentes não deixa de ter sua graça.

o sorriso vazio que não se decide entre alegre ou triste

aponta para o horizonte sua gengiva encarnada.

entre perder os dentes ou

perder a noção de quem sou,

o êxodo de minhas presas me parece salutar

diante da idéia da boca mastigar mas a mente ceder

enfim, o que são dentes

senão a vã tentativa de conter o exato

momento em que a casa desaba

não suportando o peso de si mesma sobre suas colunas cansadas?

entre perder os dentes ou

perder meu nome no meio de outros nomes,

me agrada exibir como troféu a superfície rosada

a ter que ciscar a memória como uma galinha ridícula