Resquícios
Porque ainda há em mim
Resquícios do escravo que nunca fui
Algumas palavras doem mais que chicotadas
Desconfio que ainda não tenho alma
Somente olhos que sentem o ódio
Porque ainda há em mim
Restos de uma senzala incendiada
Silêncios que ecoam como gritos
Ritos de uma civilização moderna
Porque ainda há em mim
Sobras de pelourinhos, chibatas de seda
Porque ainda há em mim
Sobras de uma quarta-feira de cinzas
Milton Oliveira
20set/2019