CAMINHANTES NOTURNOS
Nas longas noites de sono arredio
Ouço passo arrastado doloroso e macio
Vem do lado de cá, destino ao lado de lá
Cai trôpego “às tontas” na rua escura
No abandono da solidão que tortura
Passa cantando a união dos guerreiros
A necessidade da divisão dos terreiros
Muito do lado de cá e nada do lado de lá
Voz sôfrega cantarola ao céu de luar
Garante que todos precisam de um lar
Não importa quem o seguiu primeiro
São fiéis andarilhos, imaginários parceiros
Seresteiros fora dos trilhos
Tocam nas ruas de lá, cantam do lado de cá
Nas madrugadas a qualquer horário
Sem compromisso na agenda e no calendário
Tantos fazem semelhante caminhada
Saída de qualquer lugar rumo ao nada
Cruzam itinerários unindo inspirações
Plantam a emoção de um verso novo
Cravado na ponta da língua do povo
Nas longas noites de sono arredio
Ouço passos arrastados, dolorosos ao vazio
Nas cabeças o pensamento não para
Misturam-se as notas, criando novas canções
Mentiras, invenções ilusórias inventara
Nas noites de chuva atiço o ouvido
Estará na chuva, encontrara abrigo?
Casebre invadido ou castelo antigo?
Cantores, seresteiros, guerreiros buscam proteções
Cometas no céu contrastam constelações
Despejam às estrelas novas inspirações
Nas longas noites de sono arredio
Rastejam passo esquálido, sorriso pálido
Sandálias rasgadas marcando um trajeto novo
Lançam mensagens em pedaços de papel
Promessas cheias de crença no olhar do povo
Os caminhantes noturnos levitam
Abrem suas asas e sobem ao céu