Matahari, doce falsidade.

de todas que por aqui passaram

de todas que me deparei

lembro e bem sei

que todas passaram

mas eu fiquei

todas construíram algo

em cima do que eu lhes mostrei.

Matahari das mágoas universais

No inverno queria quem lhe aquecesse...

Na Primavera, já nem se conhece.

Jamais saberá se ela é quem ela ama,

ou se ela realmente é quem ela é,

mas Matahari não se vendia pros dois lados?

Nas ondas dessa maré...

anda na ponta de pé...

por uns pisa em vidros

por outros no lamaçal de suas próprias fezes..

por medo do fedor das lembranças, mata o passado?

espera novamente ser criança, haverá duas vidas?

se aquieta quando alguém lhe afaga, precisa de atenção,

coitada, imagina seu coração...

acredita em qualquer carinho, independente de quem seja a mão...

pois desacredita na capacidade de amar

a sua

a dos outros

e como uma boneca

no canto da sala de estar...

...logo será deixada pra lá...

um brinquedo divertido,

enquanto as crianças crescem

depois não querem mais brincar.

Perecerá no sub mundo de vender-se

ou continuará com o vagabundo

isso não fará

ter duas caras, custa uma delas

por um traço de sua personalidade

vender-se é sua especialidade

por isso nunca sabe quem será...

Diante de dúvidas, a certeza do tempo...

Não haverá fala mansa

nem olhos ternos

pra que engane sem que esteja sendo enganada.

Quem jogaria uma criança

ao mundo

entre

os dois lados?

Matahari sempre jogou dos dois lados

e nunca foi feliz em nenhum.

Clóvis Correia de Albuquerque Neto
Enviado por Clóvis Correia de Albuquerque Neto em 19/09/2019
Código do texto: T6749136
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