Matahari, doce falsidade.
de todas que por aqui passaram
de todas que me deparei
lembro e bem sei
que todas passaram
mas eu fiquei
todas construíram algo
em cima do que eu lhes mostrei.
Matahari das mágoas universais
No inverno queria quem lhe aquecesse...
Na Primavera, já nem se conhece.
Jamais saberá se ela é quem ela ama,
ou se ela realmente é quem ela é,
mas Matahari não se vendia pros dois lados?
Nas ondas dessa maré...
anda na ponta de pé...
por uns pisa em vidros
por outros no lamaçal de suas próprias fezes..
por medo do fedor das lembranças, mata o passado?
espera novamente ser criança, haverá duas vidas?
se aquieta quando alguém lhe afaga, precisa de atenção,
coitada, imagina seu coração...
acredita em qualquer carinho, independente de quem seja a mão...
pois desacredita na capacidade de amar
a sua
a dos outros
e como uma boneca
no canto da sala de estar...
...logo será deixada pra lá...
um brinquedo divertido,
enquanto as crianças crescem
depois não querem mais brincar.
Perecerá no sub mundo de vender-se
ou continuará com o vagabundo
isso não fará
ter duas caras, custa uma delas
por um traço de sua personalidade
vender-se é sua especialidade
por isso nunca sabe quem será...
Diante de dúvidas, a certeza do tempo...
Não haverá fala mansa
nem olhos ternos
pra que engane sem que esteja sendo enganada.
Quem jogaria uma criança
ao mundo
entre
os dois lados?
Matahari sempre jogou dos dois lados
e nunca foi feliz em nenhum.