Parido Pelo Ventre Solar
Eu nasci das cinzas do sol
em uma chuva de primavera
em dia de nevoeiro e apocalipses
parido pelas filhas do desconhecido.
E os temores já eram tremores
e invadiam as suculentas corredeiras
vaidosas e venosas do ente eterno
que fez guarida no regente coração.
Eu nasci da morte das estrelas
onde fui fundido em aço e areia
reforçando as matizes da alma
nessa dança perpétua e alegórica.
Era dia sem lua e com trovões
onde fúnebres cânticos voavam
pelos ares desse furacão de sensações
entoados pelas vozes aterradoras da terra.
Eu nasci e renasci dez mil vidas
fui o germe da guerra escondida
d’onde a morte foi logo escolhida
para o baile dos tempos futuros.
Era o dia morrendo em sussurros
era a noite em bailado de anjos
era o sangue da mãe derradeira
testamento encravado nas veias.
Era somente um parto poético flamejante...