POSFÁCIO

Súbito

vi um estranho no espelho,

não foi um encontro

causal.

Aqueles olhos

me olhavam sem surpresas,

eu sentia suas faces

palpáveis,

o tique-taque

das rugas.

Na dúvida

não fugi,

mesmo porque

não havia fuga.

Deixei o estranho

me incorporar,

aqueles olhos

eram meus,

eram minhas

aquelas faces palpáveis,

eu era o pêndulo

do meu tique-taque.

O espelho não perdoaria

a minha traição

num posfácio.