Dor
Dor
Ser acompanhante de alguém no hospital,
assistir o acamado e assistir aos procedimentos;
Requer força e coragem sem igual
que não se encontram nos medicamentos.
Alimentação parenteral, exames, biópsias,
já me fazem reviver as tantas necrópsias
que a idade me trouxe na valise da experiência,
mas que nunca soube desempenhar com sapiência.
As dores se confundem e se somam;
a do acamado, física e mental;
a do acompanhante, pungente e total;
a dos profissionais, oculta e instrumental.
Hospício, sanatório, clínica ou hospital,
ambulatório, velório, nosocômio ou terminal;
Por que não aprendo a lidar com a dor?
Quem me auxilia nesse tempo usurpador?
Será que Deus faria por mim
o que eu mesmo tento, sem fim,
mas de tão cansado, deixo de lado
e me recolho junto ao acamado?
Diz-se que a dor produz o valor;
o sofrimento, o entendimento;
Seriam essas, verdades absolutas,
ou pretextos para não desistir das lutas?
Não sei! Nada sei! Tudo me é mistério!