3x4 SEM DATA
do que tens medo,
não sei.
observo apenas, calado,
que costuras incansavelmente
um véu para tua própria cegueira,
assombrado pelas certezas que cultivas,
assoberbado pelas virtudes que julgas ter.
do que falas,
não sei.
desconheço teu evangelho.
mas sei que ainda procuras caminho
onde até então encontraste atalhos,
enganado pela luz que tomas por guia,
atormentado pela prece amarga que guardas no seio
de onde vens,
não sei.
não deixas rastro.
penso que, talvez, venhas do frio,
pela tristeza nos teus olhos baixos,
perfurados por tuas próprias garras negras,
embriagados pela mentira mesquinha que carregas como verdade.