Melancolia XII
Somos repetidos versos
reescrevendo palavras em diferentes tempos.
Perambulo dentro do meu coração,
arquiteto cicatrizes nas paredes
e ainda sim estou sorrindo,
me desmoronando em lágrimas por dentro.
Aqueles olhos firmes
sem piscar e me encarando,
mostra o que sou diante do meu medo.
Amarrado em mim,
como lâminas em atrito nos olhos.
Sem a rachadura que fui,
este medo é me entregar a ti.
Mas fui quebrado
e aposto meus pedaços que tu também foi.
Queimada que molda a cor do meu jardim
que, agora sem flores,
é só terra sem dono.
Mania de dizer que sentimos.
Vem que fui avisado do que sonho.
Tu prevaleceu todas as noites
e permaneço a dizer teu nome antes de dormir,
mesmo que meu espelho discretamente
sussurre aquele loiro que não sinto mais.
Meus longos dedos apontam cicatrizes.
Arranham minha pele em momentos de desespero.
Tenho crise de choro sem conseguir chorar.
Perco meu destino.
Todas as coisas são invadidas pela dor que vivo.
Consigo sentir cada minúsculo toque
que passeia pelo corpo.
Carrego sem abrir os olhos,
desmorono.
Rastejo pelo fogo implorando..
Há um beijo venenoso
por alegrias sujas.
Cheiram a ódio.
Feridas delimitam as cores.
Não há orgulho em enxergar para dentro.
Fui a tristeza que sou, nada mudou.