Melancolia XI
Tem um gosto amargo,
mas a dor,
aquela dor, tem um sabor doce.
Piadas laceiam minha derrota.
Apesar de que sou eu,
em minha própria morada
sou refém do que sou.
Golpes abrem feridas que
surrupiam outras dores.
Engoli e choro e sorri de volta ao mundo.
Mas eu choro tanto quando me olho..
Que mal hei de ter.
Rasgo minha pele, levemente,
apenas para sentir o sabor doce da vida.
Estou preso nessa rua imensa
onde não há cortinas,
enxergo a névoa vindo.
Machucou meu coração,
me machucou muito..
as palavras escritas não conseguem
ver as lágrimas que derramo agora.
Ninguém há de ver.
Eu não vou conseguir levantar com o sorriso um dia.
Tudo irá desabar e as cortinas,
aquelas verdes em meu jardim,
sentirão o peso desta dor.
Crio especulações sem fundamentos,
choro doces sem motivos,
não vivo como tem que viver.
Não sonho sem chorar.
Penso tanto no ar que respiro.
No meio em que estou
e todas as mentiras sujas.
Troco de lâmina com medo.
São verdadeiros os desejos que tu tens..
E peço, baixinho,
que não sinta minha falta.