pervertido
por meses refugiar-me em pensamentos é a única solução,
por vezes judiar-me em lamentos seja fruto do tesão,
tem nego que gosta de apanhar
apanhei os cacos no chão e liguei pra minha nega,
disse pra ela _ prepara o chicote
pele macia por fora, internamente repleta de cortes,
tapei os ouvidos quando você me dizia _ amor vou embora
adiei sofrimento por apenas um dia e contei com a sorte,
em poesia só falo das drogas e os amores
elas são meus amores que espantam demônios,
que trazem mais dores, me deixam de canto
afogado no pranto e rolando na cama
onde a calma não existe e o amor é mentira,
hoje a alma apreensiva grita _ me tira, me puxa, me salva
quero mais uma rima, mais uma transa por um chofre de vida,
vale tudo pelo prazer, mudei-me de mundo pra poder te esquecer,
sou pervertido, sem noção
estou atrás das cortinas vigiando você
pulei ontem de um prédio e acordei na calçada,
prever isso e tentar entender,
o desdém e o tédio fazem dele tão feio
bêbado então, nem se fala ...
o desenho tremido é minha assinatura,
sem ter nada à dizer é onde se cala ...
o amor a vida é lindo por si só
suicido em metáforas,
o valor da vida contido no pó
que preenchem as capsulas,
dois passos a frente e cem para trás
o que houve com a gente, onde viemos parar?
abraço isento de calor, sorrisos amarelos e olhares sem brilho
traço sem direção indo rumo a miséria, são ares que habito.