AMOR DE MATAR

Quero beijar as nuvens da tua boca

Te absorver em goles numa tarde dourada

Me embriagar no veludo de tua saliva

Sentir teu hálito quente

Te absolver no meu ser

Tua língua efervescente

Falando idiomas indecentes

Sentir que me falta teu ar

E que continuamente nua me fazes incandescente

Tua pose no espelho do teto

Me deixa louco qual Narciso

Morrendo afogado na tua pele encharcada de lodo

Me atiro em ti como ave rapineira na água

Em busca das entranhas aracnídeas de teus peixes...

Quero ser rutilante na tua pele negra

Surfar no teu colo doce

Me entrincheirar nos teus umbigos abrigos

Me empoleirar no teus ventre cavernoso

Musgo de todas as delícias de ambrosias

Tuas carícias frementes

Teu colo arenoso arrepiante

Os frutos proibidos

Teus mistérios gozosos

Me roçar nos híbridos mapas de tua pele

Como quero me afogar na tua sede

Me embalar nos braços de tua rede

Me emaranhar nos teus cabelos

Feito lã e novelo

Me perder em ti

Até esquecer de minha existência

Até nos fundirmos em corpo e alma

Numa eloquência demente

Que perdeu o juízo final

O guizo ancestral do grito preso

Até morrermos num só ser

E quando o dia amanhecer

Como um coito leve e solto

Sequer saberemos que

Morremos abraçados um no outro...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 12/09/2019
Código do texto: T6743045
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.