[ Em resposta ao contato de alguém,
que se me conhecesse, não precisaria de resposta ]

 

E basta que anuncies o querer,
fulminante do corpo onde a morte canta,
— sem raiz e fora de contexto,
às voltas do sítio da minha vida,
para que o meu silêncio se encha de sono !
 
Não sou um objeto. Não sou algo que se possa ter.
[ De onde canto,
os espelhos são embriagados e a primavera queima ! ]
 
Me dar mais adjetivos do que eu possa suportar,
não precipitará os cardumes, os astros ou as tensões !
 
De uma ponta à outra, estou a descobrir as texturas
e os perfumes de todas as fêmeas que me habitam,
mas ao epicentro das imersões segue o meu nome
— consegues dizê-lo em voz alta ?
 
E ainda que ao cimo do dorso
arda essa febre dolorosa e inquieta,
a minha docilidade não está à vitrine !,
ela é outorgada aos meus afetos. Mas não se engane
— Não é por acaso que carrego essa voz negra !

 





DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 10/09/2019
Código do texto: T6741839
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