BELEZA OCULTA
Há uma certa beleza oculta
No adeus e na despedida.
Há uma chance sempre nova
De encontrar alma perdida,
Caminhar na chuva fresca,
Sentir o frio e o arrepio.
Há uma beleza no anoitecer escondido
E no olhar vazio
De quem fica esperando na estação.
Há uma beleza oculta na solidão.
No sim, no talvez, no não.
Na paz fugidia.
Há beleza no fim do dia,
No passo pra frente, sem caminho de volta.
Há sempre uma chave na porta.
Sempre há! I had a dream.
Há uma certa beleza oculta na morte
No crespo espaço da solidão
No avesso de um dia sem sorte
No olhar vesgo de fome
No caos e no antagonismo,
No cavalheiro sem nome.
Há uma beleza oculta no sofrimento
Na ausência de paz
Que a vida nos traz.
Há sempre uma beleza no fim.
Na noite sem dormir
Na brasa que fumega
Depois da chama apagada
Há uma certa beleza oculta na pegada
Engolida pelo mar.
Sem história, sem endereço
Sem ter pra onde voltar.
Há sempre uma beleza oculta.
Que não se pode enxergar.
Há uma beleza oculta no luto,
No nojo e na vertigem.
Há uma certa beleza escondida
Na ferida sempre aberta
Que lateja e alerta.
Há uma beleza oculta na promessa
Feita sem pressa..