BELEZA OCULTA

Há uma certa beleza oculta

No adeus e na despedida.

Há uma chance sempre nova

De encontrar alma perdida,

Caminhar na chuva fresca,

Sentir o frio e o arrepio.

Há uma beleza no anoitecer escondido

E no olhar vazio

De quem fica esperando na estação.

Há uma beleza oculta na solidão.

No sim, no talvez, no não.

Na paz fugidia.

Há beleza no fim do dia,

No passo pra frente, sem caminho de volta.

Há sempre uma chave na porta.

Sempre há! I had a dream.

Há uma certa beleza oculta na morte

No crespo espaço da solidão

No avesso de um dia sem sorte

No olhar vesgo de fome

No caos e no antagonismo,

No cavalheiro sem nome.

Há uma beleza oculta no sofrimento

Na ausência de paz

Que a vida nos traz.

Há sempre uma beleza no fim.

Na noite sem dormir

Na brasa que fumega

Depois da chama apagada

Há uma certa beleza oculta na pegada

Engolida pelo mar.

Sem história, sem endereço

Sem ter pra onde voltar.

Há sempre uma beleza oculta.

Que não se pode enxergar.

Há uma beleza oculta no luto,

No nojo e na vertigem.

Há uma certa beleza escondida

Na ferida sempre aberta

Que lateja e alerta.

Há uma beleza oculta na promessa

Feita sem pressa..

Ancelma Bernardos
Enviado por Ancelma Bernardos em 10/09/2019
Reeditado em 05/03/2020
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