OLINTO CRESPO E SUA FEBRE
Havia um corvo no telhado
comendo as veias de outra
ave de penas brancas
Fome azulada nos
reflexos vermelhos dos olhos.
Grasnava suave diante do
sangue escorrendo , das partes
abocanhadas, da ave ainda viva
que não mais falava, ferida do
interior mastigado.
Eu tinha um dia pra amar,
tive uma história pra contar,
um andar leve sobre a terra
mas o pensar foi embora,
e as horas comem meu espaço
pra dar lugar ao demônio,
ao Deus da fantasia que cria
vontades "bárbaras".