CÁRCERES... ANSEIO POR LIBERDADE

No ergástulo sombrio, o pensamento

atormentado, pulsa negligente,

urdido sem razão, em detrimento

da liberdade, cujo sentimento

aspira o voo, em " sonho azul", fremente.

As chagas se aprofundam e viciam

a mente desordeira e oprimida,

e em lágrimas contidas silenciam;

e efervescendo em crises, maliciam

tudo o que em sua vida é reprimida.

360° alcança,

o pensamento vil, intolerante,

que encarcerado e doentio, não cansa

de maquinar, e à sua alma lança;

tragando-a febril e delirante.

Um desconforto imenso aprisiona

e a pobre essência murcha e estarrece...

e o nervo convulsivo tensiona

por todo o mal que a mente ocasiona,

enquanto o peito rude apodrece.

A fibra, ora vibra, em descompasso

seguindo por caminhos espinhosos

No tum, tum, tum... Aguça o erro crasso

E o ritmo se desfaz do bom compasso

Vivenciando dias tenebrosos.

Na sede infinita do prazer,

O frenesi dos sonhos esboçados,

destoam e escravizam pra valer,

e um mundo de incertezas faz crescer,

descomunal, por tons desatinados.

A triste alma, mórbida, agoniza

clamando a alforria dos sentidos,

porém, no antagonismo ironiza,

prevalecendo a chama que eterniza,

no extrato, seus desejos pervertidos.

Sob a tola razão, o seu fadário,

por interpretações frias e errôneas,

Conduz a um caminho solitário,

triste, infeliz, disforme e temerário,

levando-a por crises inidôneas.

Porém, refaz-se em nova tentativa,

buscando as boas fases dos ensejos

Sob a luz da razão a expectativa,

Nalgum desvão da memória, reativa

sonhos adormecidos, benfazejos.

Aos borbotões ideias se harmonizam,

Rara vazão, de pura lucidez...

Sem cerimônia, sonhos sintetizam,

esperançosos, vivos, visualizam

o arfar das asas... (Mas cai outra vez!)

E o espírito confuso, na incerteza

Segue, por labirintos agros, curvos,

Singrando por um mar de impureza...

Descendo ao calabouço, com frieza,

Por rumos divergentes, ora turvos...

Nessa enxovia, os males infectantes,

castigam com dolência, a pobre alma,

estimulando aos vícios, relutantes,

ciganeiam nas trevas, delirantes,

enquanto o pranto dorido, desalma...

Descrente, os pecados acumulam,

Nos corrompidos erros psicofísicos,

trazendo ao corpo as chagas que maculam,

desejos reprimidos, que copulam

quimeras, com projetos paradísicos.

'Ó liberdade... Liberdade clama!'

Na pauta inconsciente dos seus planos,

Escuta u'a melodia, e ora aclama;

A lira vem cantar, e o peito inflama...

Rascunha versos toscos e vesanos'.

No anseio de seguir sonhos alados

A ságena confronta o paraíso...

Valendo-se da morte, tais pecados,

quiçá, ao vento, serão dissipados

espelhando a fé, no último juízo.

E libertando o espírito é chegada,

Sonhada liberdade... Liberdade!

Rompendo os grilhões, e remansada,

em síntese, a batalha é apaziguada,

reconhecendo toda iniquidade,

Quebrada as barreiras da clausura,

no agir sereno, a vida é doce encanto,

promovendo as belezas com lisura,

num vasto pensamento de ternura,

reacesa no calor de um novo canto,

'Ó liberdade...' Ao mundo agora exprime,

na translúcida ação intencional

Na pulsão do desejo que imprime,

na sua intimidade que dirime,

a desmedida prática do mal.

No horizonte, a caligem, cede à luz,

nos braços da verdade, e com fulgor,

Naquele em que a paz sempre reluz...

No encontro, 'independente', deixa a cruz,

para planar, na conversão do amor.

De peito aberto, livre do delírio,

Nas asas, arqueantes, sonhos belos

de liberdade'... E longe do martírio,

nos braços da Trindade - Branco Lírio -

Repouso e paz, de etéreos e bons elos.

(Ó liberdade... Doce liberdade!!!)

Aila Brito
Enviado por Aila Brito em 09/09/2019
Reeditado em 03/06/2021
Código do texto: T6740898
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