O CÁLCULO DA PILHÉRIA

Qual a medida da vida?

Onde terminam as considerações e onde começam as certezas?

Qual o elástico que é puxado quando queremos eternizar um momento?

Qual é o esquadro que dimensiona as lágrimas dos sonhadores e dos desesperados?

A tal quarta dimensão inclui meus parcos sentidos e a minha constante sensação de inadequação?

As areias que descem podem fazer o universo parecer crível ou ao menos palpável?

Ou só sobram escuridão infinita e o espelho em frente ao outro que exemplifica toda a questão?

Ficarei eu, tão calado e taciturno quanto uma estação de trem esquecida, a contar as estrelas num sótão empoeirado?

Ficarão minhas questões metafísicas e dúvidas transcedentais largadas entre livros amarelados e ratos ressequidos num canto mofado?

E as teorias e cálculos se esvanecerão como cinzas numa lufada de vento?

Não, o Absoluto não permite a iniquidade dos elementos

A areia desce por entre os dedos, queiramos nós ou não

O alicerce ruirá, e o pesadelo dará lugar ao despertar

Inexoravelmente as cordas vão continuar sua dança infinita

Num ritmo inaudível porém firme

E tudo girará como sempre

Em qual sentido?

Isso não faz diferença

O tempo é absoluto e qualquer definição o ofende

Qualquer nome não lhe faz jus.

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 09/09/2019
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