O CÁLCULO DA PILHÉRIA
Qual a medida da vida?
Onde terminam as considerações e onde começam as certezas?
Qual o elástico que é puxado quando queremos eternizar um momento?
Qual é o esquadro que dimensiona as lágrimas dos sonhadores e dos desesperados?
A tal quarta dimensão inclui meus parcos sentidos e a minha constante sensação de inadequação?
As areias que descem podem fazer o universo parecer crível ou ao menos palpável?
Ou só sobram escuridão infinita e o espelho em frente ao outro que exemplifica toda a questão?
Ficarei eu, tão calado e taciturno quanto uma estação de trem esquecida, a contar as estrelas num sótão empoeirado?
Ficarão minhas questões metafísicas e dúvidas transcedentais largadas entre livros amarelados e ratos ressequidos num canto mofado?
E as teorias e cálculos se esvanecerão como cinzas numa lufada de vento?
Não, o Absoluto não permite a iniquidade dos elementos
A areia desce por entre os dedos, queiramos nós ou não
O alicerce ruirá, e o pesadelo dará lugar ao despertar
Inexoravelmente as cordas vão continuar sua dança infinita
Num ritmo inaudível porém firme
E tudo girará como sempre
Em qual sentido?
Isso não faz diferença
O tempo é absoluto e qualquer definição o ofende
Qualquer nome não lhe faz jus.