Mar da palha - soneto
Mar da palha
Lisboa - Portugal.
Tarde vazia alimentando as minhas manias e aflições temperadas.
Que parecem sentar-se ao meu lado, neste banco que decora a tarde.
Diante de meus olhos que contemplam aguas azuis, buscam as gaivotas.
Que não sobrevoam o mar da palha, em busca de seu alimento próprio.
Estou neste banco junto com os meus pensamentos, recriando molduras
Para assim ornar de enfeites esta tarde neste canto do mar da palha
Horas e horas passei aqui a ouvir juras e mais juras. E nelas acreditando
Relembro neste momento quantas e quantas palavras criadas e aparelhadas.
Que para mim simplesmente estão desperdiçadas no vazio triste deste custe.
Parece-me vê-las sendo levadas pela frieza da aura que vem do mar de palha
E diluindo-se sem mistério e sem a saudades que haviam embutidas em mim.
Mas sempre que venho a Lisboa. Minha primeira procura e um dos bancos.
Vazios que talvez solitários e lembrando juras, estão à espera de novos entes
Que em surdina ouvem novas juras, como as que ouviram a anos distantes.