SEM GRAÇA (DESPEDIDA)
Quem o vê assim jogado às traças
Alegria de outrora, hoje escassa
Em mais nada acha graça
Nem percebe o que se passa
Um Quebra-cabeças errado
Nenhuma peça se encaixa
Inexiste borracha que apague o passado
À falta de confidente Chalaça
Pra seus segredos e pecados
Queixumes e desgraças
Consolados na garrafa de cachaça
Entre copos, cálices e taças
Noites de insônia não relaxa
Pelas paredes vê cucarachas
A perder o medo, pede a última na faixa”
Ajeita a roupa na carcaça
Do bolso tira bilhetes e amassa
Trôpego equilíbrio descompassa
Se cair do chão não passa
Quem do amor não cuida fracassa
Quantas virgens ou devassas
Iludiu a falsa carapaça
Lobo perde o pelo, não a raça
Pego com a mão na massa
Vinham as brigas e arruaças
Verbo solto sem mordaças
Ruivas... loiras... morenaças
Chegaram aos acenos e faixas
Flores furtadas do jardim da praça
Depois chorosas, cabisbaixas
Partiram ao rancor de ameaças
Velho caçador, hoje sem caça
Olhar vago e distante se embaça
Inútil esfregar ou limpar a vidraça
Ninguém se aproxima e abraça
Aliás, nem há mais Marias-Fumaça
Solidão! É a vida cobrando o estrago
Lentamente sorve um trago da bebida
Um gesto ao longe, talvez em despedida