SEM GRAÇA (DESPEDIDA)

Quem o vê assim jogado às traças

Alegria de outrora, hoje escassa

Em mais nada acha graça

Nem percebe o que se passa

Um Quebra-cabeças errado

Nenhuma peça se encaixa

Inexiste borracha que apague o passado

À falta de confidente Chalaça

Pra seus segredos e pecados

Queixumes e desgraças

Consolados na garrafa de cachaça

Entre copos, cálices e taças

Noites de insônia não relaxa

Pelas paredes vê cucarachas

A perder o medo, pede a última na faixa”

Ajeita a roupa na carcaça

Do bolso tira bilhetes e amassa

Trôpego equilíbrio descompassa

Se cair do chão não passa

Quem do amor não cuida fracassa

Quantas virgens ou devassas

Iludiu a falsa carapaça

Lobo perde o pelo, não a raça

Pego com a mão na massa

Vinham as brigas e arruaças

Verbo solto sem mordaças

Ruivas... loiras... morenaças

Chegaram aos acenos e faixas

Flores furtadas do jardim da praça

Depois chorosas, cabisbaixas

Partiram ao rancor de ameaças

Velho caçador, hoje sem caça

Olhar vago e distante se embaça

Inútil esfregar ou limpar a vidraça

Ninguém se aproxima e abraça

Aliás, nem há mais Marias-Fumaça

Solidão! É a vida cobrando o estrago

Lentamente sorve um trago da bebida

Um gesto ao longe, talvez em despedida

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 05/09/2019
Código do texto: T6737958
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