TRANSE

sempre para felizes foram

e assim disse que

histórias de contador velho

um vez

uma era

"esse manto azul, roupa de deus

esse zeus colossal

de rosto flamejante

cara de sol maior que o sol

e cabelos brancos

e de lágrimas pluviais

e caridade feita de calor e brisa

dessa voz que ecoa como trovão

e dez eus trabalhando dia e noite no céu

todos embrutecidos

ensimesmados

moldando o cetro dos eleitos

forjando o cajado dos mendicantes

a foice e a força

do martelo dos proletários"