VIOLETA

Paciência! Exclama o ponto enquanto espera o nó.

A mão experiente e bem treinada

Pontilha uma estrada no véu da rainha.

Entra e sai, a agulha puxando a linha,

Marcando o caminho sem nada sentir.

Orgulhosa da costura

A mão levando a agulha

Seguia sua constante

Vivia sua aventura.

Ao fim do prazo marcado

Pra entrega do brocado,

A agulha desconcertada

Ciente de sua jornada

Olhou para atrás, nada viu.

Perdeu a linha do tempo

Enquanto a mão brincava

Nos pontos e nas laçadas,

Costurar não conseguiu.

A obra prima almejada,

Agora, em mão cansada

Agulha, despedaçada

E linha do tempo perdida!

O majestoso adereço

Tem chance de recomeço?

Depende do tempo que resta

Entre o fim do último ponto

E o início do próximo nó.

Depende da linha do tempo

E da paciência da Rainha.

Ancelma Bernardos
Enviado por Ancelma Bernardos em 04/09/2019
Reeditado em 26/11/2019
Código do texto: T6737321
Classificação de conteúdo: seguro