Suor

SUOR

Minha cor não desbota

nem diz bosta a sociedade...

Minha cor não é da cor de alguém

nem tem nome igual ao seu...

minha cor é da cor do meu suor

escorrido rostocorpobusto a baixo...

Minha cor é alforriada

e com ela posso entrar no mar

mergulhar no universo

ou no céu de sua boca...

ser estrela ou estrelar lençóis.

Minha cor é algoz

anda veloz

tem traços de ontem a noite

e professa solidão de madrugada...

Minha cor é ávida

como a vida e se vai sagaz

pelas esquinas

travestida de sonhos

como manchete em jornal...

Minha cor tem alma

e na calada da noite, ela esfria...

minha cor é frígida: não tem gozo nem prospera

é de agosto

choro de desalento

pensando a esperança...

Minha cor é como a dança

embalada pelo som do dia...

quando chega a noite, ela dorme

para exalar na primavera...

é uma cor velha, cheia de magia. (Marcus Vinicius)