Mundo Estranho
Desacostumei- me de estrelas
e da alvura virgem no papel
que hoje até me dói os olhos.
Da ponta do lápis afiado pela minha língua
afinada por uma linguagem estranha
que me coloca agora distante da compreensão
do universo azul
(e eu que pensei tê- lo em minhas mãos...)
Ando sem tempo de dar passo em nuvens
Me reverbera um silêncio profundo
e minha palavra rasa sobre a linha estreita
tanto quanto estreito é o meu sentido das coisas
O solo que piso agora é tão seco, tão rude que me esfola os dedos e a alma.
Mas ainda insisto dissimular o tempo entre sonho e vertigem
Nada pode ser tão pedra no caminho que deslumbro
que um voo por pequeno ainda
não consiga me atravessar para o outro lado
Provo ainda o sabor das manhãs na minha varanda
onde sempre me cantam os passarinhos