aquario
Atravessei um poema em papel torto
Ficamos os três perdidos,
Eu, o poema e o papel.
Os peixes nadam em todas as direções
Estão no aquário olhando de fora nossas prisões de vidro.
Eles não estão perdidos
Em água, alguma.
As letras as palavras os fonemas imprecisos
Os dedos a mão a palma a pena
As linhas soltas paralelas não se tocam.
O poema torto nada fora da rima
Busca a si mesmo acima do poeta
Versa verte eclode explode
Se alinha e endireita a sina.
No embaraço das águas turvas
O poema- palavra riscado
Passa o mundo o tempo o mudo papel torto
Esperando os olhos que os encontrem.
São os homens que estão perdidos nesse aquário
Eles nadam em todas as direções
Deixam rastros restos
Não ouvem os gritos.
Me importam as perguntas.
Lu Genez, 29 nov 2018