ESTRANHO AMOR
Eis que chega subitamente
um amor sem eira-nem-beira,
levantando poeira.
É um amor cheio de pressa,
exigente à beça...
quer entrar sem que eu lhe peça.
Força janelas, quer arrombar a porta,
esse amor aspa-torta
comigo não se importa.
Um amor desesperado
que se faz adiantado.
Amor perdido no próprio fado...
Fala-me coisas bonitas,
tantas palavras catitas...
Soam, às vezes, esquisitas.
Quer do meu corpo a entrega
e meu coração renega.
Seu passado, sua alma, me nega.
De onde veio afinal
esse amor-vendaval,
um quase-animal?
Um amor bem diferente...
Um amor inconseqüente.
Assim como veio, parte de repente.
Que amor estranho é esse, gente?