MOLDURAS
A foto da estante estática errática platônica
Não me reconheço nela
Nem em nenhum beiral estendido sob o sol.
O cupim já lhes tomaram a carne.
São os olhos tão diferentes dos de ontem
Estão esquecidos e amanhecidos nos sonhos,
Embolorados amarelados apagados pelo tempo.
Tento buscar a memória do negativo
Que me é traiçoeira enganosa libidinosa
Que é a pá que enterra a terra neste buraco.
A moldura desgastada cafona até
Combinava com o mundo
Sem estreias amores sem dores.
Um plácido domingo mentiroso
Em que não amanheci.
A foto em preto e branco e cinzas
Tão cruas
As feridas custam a cicatrizar
Um esmalte para dar brilho,
Na rotina no osso na pele no sangue,
Saudade espera demora.
Todas as peças estão quebradas
Não se encaixam na gaveta
Não se desfaça da chave
Me perdi entre falsos abraços
em beijos rasos.
Preciso saber dos meus olhos.
Lu Genez