MOLDURAS

A foto da estante estática errática platônica

Não me reconheço nela

Nem em nenhum beiral estendido sob o sol.

O cupim já lhes tomaram a carne.

São os olhos tão diferentes dos de ontem

Estão esquecidos e amanhecidos nos sonhos,

Embolorados amarelados apagados pelo tempo.

Tento buscar a memória do negativo

Que me é traiçoeira enganosa libidinosa

Que é a pá que enterra a terra neste buraco.

A moldura desgastada cafona até

Combinava com o mundo

Sem estreias amores sem dores.

Um plácido domingo mentiroso

Em que não amanheci.

A foto em preto e branco e cinzas

Tão cruas

As feridas custam a cicatrizar

Um esmalte para dar brilho,

Na rotina no osso na pele no sangue,

Saudade espera demora.

Todas as peças estão quebradas

Não se encaixam na gaveta

Não se desfaça da chave

Me perdi entre falsos abraços

em beijos rasos.

Preciso saber dos meus olhos.

Lu Genez

Lu Genez
Enviado por Lu Genez em 30/08/2019
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