Falemos de casas. A casa como escrita, a casa como alma, a casa como corpo. Como corpo em toda sua altura e toda sua transparência. De quando o poema a plenos pulmões é todo tesão e desejo.
 
Abro às casas interrogações :
Por quais veias da criação, por qual noite, por qual nascente, lugar, percorre-nos a voz ?
O momento seguinte é o silêncio, em que respiramos na energia das palavras, disso já sabemos, mas antes de romper o sol, há à sua terra cópula envolvida ?
 
Há quem imagine que não, que não exista tal forma de prazer e/ou o condene. Ou que apenas se conceda um lugar no lugar que se ofereça. Como uma linha de fuga sem envolvimento. Mas de que profundidade então estaríamos falando ? Não estaríamos assim escoando desconhecidamente de nós mesmos, desterritorializando a própria palavra ?
 
Porém sem um corpo seria inconcebível o poema.
Seria impossível então tal corpo sentir desde suas entranhas o toque trêmulo da natureza libidinal ?
 
A multiplicidade da escrita implica em não se ter uma maneira única de se dizer. Porém, contudo, ignorar o corpo é ignorar a alma que procura pelo escrevente que dê voz a toda extensão de suas asas .


 





DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 29/08/2019
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