TROVOADAS
Enquanto pude contive a tempestade
Armado de coragem e um lençol velho, remendado,
Os pés cravados no chão para que não fosse levado
Desta para outra cidade
Muita força pus para poder ficar de pé
Mas senti que aqueles dedos tesos não eram meus
E para crer que no meio do temporal levitava Deus
Haveria de ter muito mais que fé
Então deslizei como barco
De olhos fechados para não ver
Em qual abismo dava a correnteza
O céu se curvando em arco
O imo da terra a se revolver
As coisas voltando à sua natureza