Ferida aberta
Tenho escrito em folhas amassadas
Tenho riscado para recomeçar
Tenho repensado, refletido
Desistido, deixado de lado
Escrevo diferente agora
Nas costas da vida
Como quem sempre faz um rascunho
Não consigo terminar
Dar-me por satisfeita
Antes as palavras escorregavam
Procuravam o papel
Agora, recusam-se a abandonar
Minha alma, a mente
Detém-se na ponta da caneta
E saem quebradas, sem vida
Quase como uma vingança
Feito assim, não me dá gosto
Dói de ver
Como um corte profundo
Uma ferida aberta no coração
A me encarar
Obstinadamente