Do Descabimento de Mim

Nunca soube.

Não saberia

Repartir o que pulsa.

Não gosto de nada

Mais ou menos:

Hora contada,

Adeus de repente,

Virar para o lado - desimportância

Essas coisas nunca cabem

No descabimento

De mim.

Não sei ser metade - sou inteira

Em tudo o que vivo.

Na minha risada,

Na tolice assumida,

Na minha pressa

Inconveniente.

Não... não me acomodo.

Saltei nos meus abismos de mim

Não fiquei no parapeito.

Hoje prefiro assentar-me...

Não salto.

Desafio a paisagem e sorvo

Tudo o que é belo no instante.

.......... Há beleza no caos.

Não gosto das reticências...

Apenas se forem para continuar

Sem vislumbrar o fim.

As reticências sangram

O ponto sara.

Gosto do ponto.

E ainda sou atrevida pra vida.

Já ando a esquecer-me...

Da dor que doeu tanto

Que fomos.

Saltei muito.

Corro pouco.

Caminho sempre.

Com lágrimas, planto flores...

Nos canteiros de mim.

Oferto-as, com gratidão - Imperfeito Amor,

À ti.

Karla Mello

27 de Agosto de 2019

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 27/08/2019
Reeditado em 30/08/2019
Código do texto: T6730887
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