Balé de Letras

Todo mundo pensa que é fácil assim

Escrever um poema sem versos e rimas

Tudo é ainda mais simples do que se faz

Só me resta agora sentir que o sentido

Tenha efeito e que este efeito transforme

O modo de pensar de se agir

Ou ainda que transborde o mundo

Numa maravilha infinita

Onde todo mundo canta e dança

Uma dança diferente na mesma melodia

Como se fossemos extraterrestres

Numa orgia de palavras e gestos

Enlouquecidos pelos dialetos

Num batuque do pandeiro ao grito

Gemido da guitarra esfolando-se

Nos dedos cansados de um violinista

Um caos das estrofes musicais

Um desconcerto na chama da criação

Criatura e criador armando-se

Num carnaval de números e letras

A cada batida do coração

Um grito se ouve ecoar

Na frigidez dos dias em aberto

Já sei como fazer, escrevo por escrever.

Palavra incerta vai dizer

Recriminando o tempo que me resta

Na vasta e certa companheira

Minha louca paixão

Minha motocicleta

Que nunca me deixa

Que não me pergunta

Aonde vou?Com quem estava?

Agora é chegada a hora

De me despedir

Deixando apenas

Um sonho enturvado

Num balaio de letras

De um poema incerto

Descrito

Pelas palavras não ditas...

Mirão da Estrada

Mirão da Estrada
Enviado por Mirão da Estrada em 29/09/2007
Código do texto: T673071
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