Amanhãs
Tem amanhãs que não chegam nunca
E nos coloca o dedo na nuca, e pensamos...
E olhar pela mesma janela e ver novas coisas
Não chorar pelo leite derramado
Ser amado por pouca monta
Venho de lugares sinceros, suspensos no ar
Meu gosto de mar se esparrama pela sala
Faço as malas e viajo para dentro de mim
Sumo no mundo, apareço na paulistana
Tem amanhãs que custam a chegar
E nos coloca a ter algumas velhas esperanças
E danço ao som do samba-blues-gafieira
E a minha maneira vou sendo feliz
Essas atrizes de brincadeiras, sonambulas
Esses sonhos feitos de pura realidade
E empurro com a barriga meus dardos
Mas vamos sair para passear pela vida
Todos nós temos perdões e pecados
Tem amanhãs que não chegarão nunca
E o que temos para hoje um prato de feijão
Olhei da mesma janela e vi lindas ilusões
Hoje estou para muita bobagem azul
O dia nasceu quente no meu quintal
E minha alma passeia nua dentro de mim
Tenho medo de pessoas muito normais.
Milton Oliveira
27ago/2019