Tinta Nanquim
Vou delineando esse palavreado rústico
Tentando divagar num sentimento abrupto
Seguindo devagar o ciclo ininterrupto
E olhando as esferas de luz nesse céu vazio
Vou alimentando as linhas distorcidas
Tentando encontrar o fundo desse mar
Nadando a braçadas sem me afogar
E sentindo a maresia furtar meus sentidos
Vou eu colorindo essa tela fúnebre
Com cores vibrantes de uma vida curta
Morrendo e nascendo em mundo versificado
Pincelando os verbos mais simplificados
Vou nessa semântica inexorável
Nesse linguajar de todos os povos
Livre em poesias adjetivos novos
E a escrita da alma resumiu meus passos
Vou ser paciente com a inspiração
E vou ter com os versos a santa comunhão
Molhando a caneta em tinta nanquim
Descrevendo as horas... Em folhas carmim
E deixarei minh’alma gravada nos papiros...