NA FOME DOS RATOS

Sujeira , a poeira dilacera

o corpo desajeitado depois

de sair da igreja embebido

dos trajes , ultrajes do culto.

Parece a força do veneno

que veio lá de dentro, em olhos

curvados pelas sombras

das formas de Cristo morto

freado em vultos pelo tempo.

Pode estuprar a primeira criança

que vier encontrar-lhe absorvida de sol.

A arte pobre da caverna

tem um vício pra ser tomado,

um líquido forjado na escuridão!

Ele leva a escuridão nos olhos

curtido de verde no corpo,

rastejando até a tumba,

até os túmulos, onde as cruzes

invocam os vermes de Cyrillo,

O rei dos grandes abutres, os

coiotes de capuz , caçadores

da própria dor de fim....

.... Clamam pelo ouro perdido

no templo das luzes , no rastro

que ficou da poeira que dilacera.