VISCERAL
O mundo à margem de seus sustos
Compreende o avesso do delírio
Que a contamina até a medula --
Intoxicada por desejo
Vencido, a fermentar silêncios.
As palavras estão cansadas.
As canções retornam por vagas,
Baratas em fuga, incertezas
E a cidade sonha com mortos,
Seus mortos, seus agonizantes,
O fígado premeditando o bico,
Suplício titânico, a dor --
"Sonhei que te perdia, amor..."
Escapa, à tarde que se evade.
A sina dos iluminados
Ou, golpe de asa, a insanidade
Propondo perspectivas cruas,
Sem retoques, o mundo à margem.
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