HALITO POETICO
HÁLITO POÉTICO
A poesia sopra
no vento
seu hálito natural,
que o espalha
nos ares urbanos
e rurais;
mas só os poetas
apreendem,
pelo impulso visual,
o encanto
instantâneo
do fazer poético
artesanal.
O vento faz
a poesia chegar,
como sua
cúmplice andeja,
nas diversas rotas
onde é mais bela
a natureza;
onde o amor mútuo
é exercido
com divina pureza;
onde árias
são cantadas
por sublimes
seres angelicais.
A todo momento,
a poesia viaja
no vento andarilho,
que a deixa,
como arte
a ser construída,
onde ela quiser;
contanto que,
onde ela esteja,
tenha um poeta
que lhe capte
a doação espontânea,
retribuindo-lhe
através de versos
simples, mas que
comovam o leitor.
Embora a poesia
sopre seu hálito
abstrato no vento,
pode-se vê-la também
na calmaria
da manhã,
no mormaço da tarde,
bem como
na quietude da noite;
e, em qualquer
desses instantes
de sua presença
abstrata,
o hálito poético
é apreendido
pelo poeta,
que, senhor
do seu ofício artístico,
delineia
e constrói,
enfim, o poema.
Escritor Adilson Fontoura