Hermético

Guardei os ossos dos rituais nas catacumbas

E espalhei encantamentos hieroglíficos pelos porões

Aquele cálice partiu-se em seu próprio veneno

E as nuvens de tormenta cobriram o firmamento

Aquele senhor sinistro continuou sua jornada

Avistava-o ainda entre os clarões da tempestade

Envolto em vultos escarnecidos que guardavam

Os segredos das palavras que não serão ditas jamais

O paladar degustava os ávidos sentidos novos

E a boca jorrava todas as luzes do amanhã

Aos ouvidos surdos ao que é profano e hostil

E cerrava os véus diante as visões das pitonisas virgens

Os degraus se partiram com a batalha de Jacó

E o anjo perturbou-se diante tal infâmia

Mas os portais cumpriram as profecias desditas

E a próxima geração foi amputada em seu berço

Restaram apenas resquícios dos velhos pergaminhos

Cacos de um cotidiano fantástico e sobrenatural

Onde ao som das trombetas eram ditos Salmos

E o anoitecer derramava nos corações o leite das estrelas

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 19/08/2019
Código do texto: T6723813
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