EM SURDINA
A minha sombra, tranquila e quieta,
há de ficar nestas paragens,
sob estas árvores de grossos caules,
meio em vigília, ouvindo histórias
que o vento alado conta apressado,
quando passeia por entre as teias
de luz e sombra.
Na aurora clara, no fim da tarde,
nas finas palmas, junto do rio,
a sombra livre faz-se invisível:
somente o vento percebe e cala,
somente o vento manso resvala
por sobre a sombra - a minha sombra
quieta e tranquila.
. . .
Paulo Miranda
Há de ficar nestas paragens
a doce lembrança tua
e ainda toco nas ramagens
como toquei e orvalhei as tuas...