FUSCA COR-DE-ROSA

Comprei um fusca cor-de-rosa

E, lá fui eu todo prosa...

Passear pela cidade.

Parei no primeiro posto,

Pedi pro frentista com gosto:

Encha na total capacidade.

Ah, na porta pintei uma rosa branca,

Pois que branca é a cor da paz.

Um verso de Florbela Espanca:

"Ó meu leito de núpcias irreais!..."

Pisei mais fundo no acelerador

E, de outro verso me lembrei:

"Enigmáticas campas medievais..."

Nas quais, ser poeta era ser rei.

Então, manobrei o fusca cor-de-rosa

E fui pondo um fim a minha viagem.

Mesmo com a alma triste e dolorosa

Entrei, e guardei o fusca na garagem.

Roberto Jun
Enviado por Roberto Jun em 18/08/2019
Reeditado em 18/08/2019
Código do texto: T6723011
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