Duplo renascimento
Sem jeito o seguro na palma da mão
Teu peito palpita vertendo emoção
Teus olhos clamantes dizendo que sim
Mas a consciência me dita que NÃO!
Teu corpo suave que cheiro em deleite
Rogando a Deus que, enfim, nos aceite
Deixando de lado o que sinto pecado
Pois tudo na vida resume-se agora
A teu corpo e meu corpo e o calor desta hora
Que o passado não entre nos vãos dessa porta
Nem queira ensinar-me fazendo-se alarme
Não queira a mente interpor-se enfim
No campo da alma que comanda a mim
Gritando no tom a que sou tão afim
Que a ti, então ceda, e depois me arrependa!
Teus cabelos são seda nos vãos dos meus dedos
E espantam ou acalmam meu bando de medos
Que em vão me ameaçam assuntando desejos
Que ficam, se fincam e, assim, multiplicam!!!
E te trato com os olhos, pois sei que és criança!
Num corpo rebelde que pede vingança
Na vulva convulsa clamando a matança
E sem que o exija, a matriz se faz rija!
Pretendo conter a tensão do cutelo!
E enquanto te envolvo com a minha língua
Me deixo pensar se é certo o que sinto
Se é certo que minto meu medo de errar
Mas se erro e, então, choro querendo voltar
No tempo, pressinto o dever de esperar!
Mas sinto teu doce na minha boca
E a carne tão jovem que treme já louca
E as mãos que me puxam punindo, arranhando
Clamando por mim que vá logo entrando
Sem medo ou segredo, enfim, me entregando
Nos braços da Sorte p’ra que me conforte
E chupo teus peitos tão sôfrego, então
Sentindo teu corpo tremer na minha mão
E a pele tão firme e segura que não
Aceita mais nada que não Servidão!
E vejo teus pêlos nos vãos dos meus olhos
Enquanto te chupo extraindo teu óleo
No qual me lambuzo vertendo prazer
Rasgando teu véu, p’ra te ver renascer
Eis a poesia a escrever com meu corpo
Cedendo ao desejo que, sei, é absurdo!
Mas ai da vontade que em ti vale pouco
Num vale de pernas que torna-se um mundo!
Pois sinto explodires me levando junto
Lambendo-me a face cravando bem fundo
No fundo da alma de um moribundo
Que ri tããão feliz!... pois não era um defunto?!!
D.S.