ACRÍLICO
Poema de 2007
Lá é claro demais
aqui falta silêncio
que signifique.
Minha carência
não é
navio de velas pandas
tal o navio de Pessoa
tampouco é Sol
rachado ao meio.
Tua presença
me incomoda
na sala
onde os livros
se refugiam.
A rua fora
a casa dentro
- dois extravios.
Tudo extrapola
invade
a casa que violenta a rua que violenta a casa.
Nada sabemos
da nossa presença.
Pinto as unhas.
Vais à cozinha.
Retornas.
Tento escrever estas linhas.
Uma mesa-de-centro
signo de acrílico
de abismos.
Nossas pupilas alheias
Bojo de vazios.
Nada sabes
de nada disto.
Nada sei
do que não sabes
de nada disto.
A desistência
no vermelho das unhas.
Estas linhas
aves sem bico.
Poema original de 10 de agosto de 2007.
Reescrita: 04 de julho de 2008.