SOPO MORTO

O violino entra em cena

retirando provisoriamente

toda a alegria do planeta...

E enquanto isso

o chá de Erva Cidreira

aquece meu peito, meu espírito...

Meus braços,

que carregam

dois sacos de lixo.

O portão de madeira se abre e encontro

o sapo morto e ele quase já era

um personagem de todos os dias

ao lado do lixo, estático

... esperando que todos não

estivessem olhando, para assim fazer

seus movimentos leves, mesmo com

o seu corpo pesado de sapo

de um lugarejo que é bem alimentado

O céu não têm mais estrelas.

Uma soprano canta alto

Mas o som está baixo

então, só eu consigo ouvir...

A soprano se tornou a lua

e roubou as estrelas... e foi a única

e última que viu o sapinho pulando

... também foi a única que: além do assassino,

Doloroso e doloso...

Teve a tristeza de vê-lo morrer

estatelado com as tripas de fora...

Qualquer ser humano

por mais grandioso que seja

morreria exatamente daquele jeito,

caso um automóvel o atingisse,

aqui nesta mesma rua, ou frente a

qualquer maravilha do mundo.

A morte une.

A morte encerra...

A morte acaba com

todos os preconceitos.