A POTÊNCIA DA MULTIDÃO

A alma das ruas é a multidão.

Não a massa domada,

Controlada pelos fluxos cotidianos,

Pelas rotinas do trabalho,

Ou pela ordem pública dos horários comercias.

A multidão é plena na reunião dos corpos

Parando o trânsito,

Quebrando a rotina

Na potência de uma manifestação,

De um cordão humano que inventa um rio,

Uma correnteza de gente,

Arrastando o tempo presente em uma só direção.

A alma das ruas é o anonimato de rostos

Na paisagem viva de uma passeata.

É o nós, o eu e os outros

Na união de todos,

Inventando a liberdade

Na ação do coro.

O mundo e o tempo parecem pequenos

Naquela confusão de destinos

Dançando um grito

Contra o Estado, a polícia

E os absurdos da política.

É através do poder soberano da multidão

Que o futuro transforma o passado.